sexta-feira, 22 de junho de 2018

Em rumo à Consulta Pública... acredito em ´desmonte´ da Educação Inclusiva?



Não, eu não acredito em desmonte da educação inclusiva  porque o marco político legal brasileiro é pró-inclusão! Mas vamos aos fatos...

No dia 16 de abril de 2017, A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI) do MEC realizou uma reunião com " as principais entidades nacionais envolvidas na educação especial na área pública para discutir a proposta de atualização da Política Nacional de Educação Especial, que já tem dez anos. Na semana passada, o encontro reuniu secretarias e órgãos vinculados ao Ministério da Educação (MEC) e representantes do Conselho Nacional de Educação (CNE).", conforme explicitado em matéria disponível em http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/202-264937351/62961-politica-de-educacao-especial-devera-passar-por-atualizacao, a qual contem a relação dos/as participantes

Os rumores quanto ao ´desmonte´ da inclusão escolar foram iniciados quando da publicação e publicização nas redes sociais, em 13 de Maio de 2018, do documento "Em defesa da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva' - Análise e manifestação sobre a proposta do Governo Federal de reformar a PNEEPEI (MEC/2008)" (Clique AQUI para ter acesso ao documento), cujo texto foi  elaborado por Cláudia Grabois (Inclusão Já), Cláudia Pereira Dutra (ex Secretaria de Educação Especial), Maria Teresa Eglér Mantoan (LEPED/UNICAMP, ex-consultora da SEESP e Inclusão Já) e Meire Cavalcante (Inclusão Já), conforme consta à p.01 do mesmo.  (Para conhecer a Inclusão Já clique AQUI.) 

A introdução do texto declara que... 

"O Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diferença (Leped) da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (FE/Unicamp), em parceria com diversas instituições, universidades, pesquisadores e movimentos sociais de todo o país, vem a público pontuar questões fundamentais em relação ao movimento que a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão - SECADI do Ministério da Educação - MEC vem fazendo, no sentido de reformar a atual Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva - PNEEPEI (MEC, 2008). Com este material, esperamos subsidiar o amplo debate, a fim de que qualquer proposta de alteração dessa importante e inovadora Política só venha a ser apresentada, em forma de texto-base em consulta pública, após interlocução democrática com todas as esferas, entidades e pessoas interessadas e envolvidas com a educação inclusiva." 

Baseada em minha experiência como pessoa que participou parcialmente do processo na condição de consultora, apenas posso afirmar - sem sombras de dúvidas ou espaço para especulação - que a SECADI/MEC desencadeou o processo de análise da referida política por meio de uma série de pesquisas realizadas em âmbito nacional que envolveu profissionais qualificados e experientes na área de Educação da Pessoa com Deficiência (eu só uso o termo Educação Especial quando não tenho opção!). Assista ao vídeo postado neste BLOG clicando AQUI 

Pessoalmente considero qualquer manifestação - a favor ou contra - excelente para aquecer o debate e a ajudar na construção de processos de reflexão crítica e fundamentada sobre qualquer tema ou assunto pertinente. Neste caso, considero o Manifesto do LEPED interessante porque traz inúmeros dados relevantes em um só documento. Todavia, também considero que o documento faz um alarde desnecessário porque faz afirmações que, na minha perspectiva de expert na área, são infundadas. 

Como meu prpósito declarado com este BLOG é esclarecer, vamos a alguns esclarecimentos:

(1) a análise foi SIM fundamentada em pesquisas. Eu e colegas participamos do processo de produção de documentos para subsidiar o processo. Em nenhum momento fui abordada ou orientada por qualquer membro da SECADI quanto a apoiar isso ou aquilo ou abordar isso ou aquilo. Meu trabalho foi independente, totalmente imparcial quanto a questões politicas e SEM qualquer interferência externa! Inclusive envolvi profissionais com e sem deficiência de áreas específicas para contribuir, cujos nomes e contribuições estão registrados nos referidos documentos. E, não posso deixar de mencionar as pesquisas do Observatório Nacional da Educação Especial que foram conduzidas entre 2010 e 2014 em 56 municípios brasileiros. Acesse Observatório Nacional da Educação Especial - ONEESP 

(2) o processo de atualização de qualquer documento (seja uma política ou um manual de orientação à família) não pode prescindir de inputs consistentes (estudos, análises, envolvimento de profissionais qualificados, leitura de relatórios, contribuições da sociedade civil, etc.), a partir dos quais um documento preliminar é elaborado e, finalmente, colocado em Consulta Pública, como vai acontecer com a PNEE-2018. 

No caso específico de uma política nacional é óbvio que este é um processo que implica seguir determinados procedimentos de caráter político, com os quais podemos ou não concordar e nos manifestar. CONTUDO, na minha opinião, não considero uma contribuição a criação de rumores que apenas geram dúvidas, temores e boatos conflituosos. Pior, cria um sentimento de instabilidade que em nada favorece o dia a dia das pessoas envolvidas. Essa não é definitivamente minha linha de pensamento, sentimento e, principalmente, ação. 

(3) Com base nos dados, aqui afirmo que o documento preliminar da PNEE 2018 está passando por várias instâncias, recebendo inputs que envolvem representantes do poder público, estados e municípios até o momento em que o documento será publicizado na condição de Consulta Pública, momento em que tod@s devemos participar seriamente: lendo, analisando, discutindo com colegas e elaborando documentos para ser encaminhado à SECADI/MEC.  

Considero oportuno resgatar um pouco da história que é sempre elucidativa e nos ajudam a compreender o fato e o que está por trás dele...

... a mesma gestão na antiga SEESP que lançou o ´Em defesa da Política Nacional de Educação Especial, acima mencionado, coordenou a elaboração da PNEE-PEI 2008 constituindo um Grupo de Trabalho, conforme consta do Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria nº 555/2007, prorrogada pela Portaria nº 948/2007, entregue ao Ministro da Educação em 07 de janeiro de 2008 (acesse o documento clicando AQUI) e NÃO passou por processos de consulta como será o caso da PNEE 2018! 

... apenas três anos após a PNEE-PEI 2008 ter sido publicada a Secretaria de Educação Especial foi extinta em 2011 pelas mesmas pessoas que hoje lutam pela inclusão escolar de pessoas com deficiência.  Como se explica tal contradição??? A Educação Especial é importante ou não porque a verdade é que SEM a SEESP a inclusão escolar de estudantes com deficiência perdeu  verbas significativas... Ou seja, a PNEE-PEI perdeu dinheiro e força! 

É por isso que, mesmo com a avalancha de resoluções, portarias etc. pós PNEE-PEI, os sistemas educacionais pós extinção da SEESP encolheram e murcharam a ponto de as escolas se sentirem à vontade novamente para recusar matrículas de pessoas com deficiência! Na dúvida se isso é verdade, por favor, acesse e leia o artigo Dane-se a Legislação: escolas escancaradamente recusam matrículas de pessoas com deficiência que postei no BLOG vozesempoderamentoeinclusaodapcd em 25/03/2016. 

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