COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E MINORIAS
Por Pedro Calvi / CDHM 17/11/2020 15h35
Projeto
de Decreto Legislativo quer suspender norma do Executivo sobre educação
especial; Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos defende
educação inclusiva e participação ativa das pessoas com deficiência no debate
da matéria.
Em
outubro deste ano, um grupo de 21 parlamentares pediu ao Escritório Regional
para a América do Sul do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos
Humanos (ACNUDH-ROSA) uma análise do Projeto de Decreto Legislativo n° 427/2020
que propõe suspender os efeitos do Decreto nº 10.502 de 30 de Setembro de 2020,
do governo federal, que cria a Política Nacional de Educação Especial.
A
proposta do governo prevê a separação de pessoas com deficiência, com a
justificativa da inclusão de “pessoas especiais” em “ambientes especializados,
além de argumentar que mães e pais de pessoas com algum tipo de deficiência é
que devem decidir sobre o que seria melhor para os flhos, incluindo a educação.
Já o PDC
justifica que a ideia da Política Nacional de Educação Especial é “considerada
por educadores como atrasada e que não contribuirá para a completa inclusão
destes estudantes, nem a garantia de uma educação de qualidade”. Lembram ainda,
que o Decreto do governo federal “exorbita suas funções constitucionais, ao
instituir regulação que vai de encontro à Convenção dos Direitos da Pessoa com
Deficiência”. A Convenção destaca que “os Estados Partes reconhecem o direito
das pessoas com deficiência à educação. Para efetivar esse direito sem
discriminação e com base na igualdade de oportunidades, os Estados Partes
assegurarão sistema educacional inclusivo em todos os níveis, bem como o
aprendizado ao longo de toda a vida (...)”
Agora, o
Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, em resposta ao
ofício enviado pelos parlamentares, afirma apoio à iniciativa deles e destaca
que “as disposições constantes da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos
das Pessoas com Deficiência ganham especial relevância. A promoção de uma
educação inclusiva e a plena participação das pessoas com deficiência nos
assuntos que as afetam são compromissos dos Estados-parte da Convenção.
Legislação e políticas públicas devem considerar a diversidade de estudantes,
promovendo seu acolhimento no ambiente escolar e protegendo-os de atitudes
discriminatórias, em uma perspectiva de educação inclusiva”.
O
documento assinado por Jan Jarab, representante Regional para América do Sul
Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, conclui que “está
seguro ao afirmar e reconhecer a importância de que o Projeto de Decreto
Legislativo nº 427/2020 avance em sua análise perante o Congresso Nacional
brasileiro, buscando ampliar as discussões sobre a educação para pessoas com
deficiência, garantindo uma educação inclusiva bem como a participação ativa
das pessoas com deficiência no centro do debate”.
O
Projeto de Decreto Legislativo nº 427/2020 aguarda despacho do presidente da
Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ).
Receberam
a resposta do ACNUDH, Helder Salomão PT/ES), presidente da CDHM e Maria do
Rosário (PT/RS), Professora Rosa Neide (PT/MT), Margarida Salomão (PT/MG),
Carlos Veras (PT/PE), Enio Verri (PT/SP), Paulo Teixeira (PT/SP), Frei
Anastacio Ribeiro (PT/PB), Rogério Correia (PT/MG), Patrus Ananias (PT/MG), José
Guimarães (PT/CE), Vicentinho (PT/SP), Nilto Tatto (PT/EP), Vander Loubet
(PT/MS), Leonardo Monteiro (PT/MG), João Daniel (PT/ SE), Valmir Assunção
(PT/BA), Alexandre Padilha (PT/SP), Marcon (PT/RS), Célio Moura (PT/TO) e
Paulão (PT/AL).
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Fonte: https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cdhm/noticias/escritorio-da-onu-para-direitos-humanos-na-america-latina-se-manifesta-sobre-decreto-sobre-educacao-especial?fbclid=IwAR15NnnZLxTqDOfG_oaKLW19tu-e0-Qgz0yrgx0UBb4gWv6xKt64fEAC_Ew