sábado, 27 de maio de 2023

Ciclo de Debates sobre a Educação Inclusiva acontece no mês de maio 2023

    @s senador@s Izalci Lucas (PSDB-DF), Mara Gabrilli (PSD-SP) e Teresa Leitão (PT-PE) propuseram um Ciclo de (3) Audiências Públicas para debater tanto o papel como as condições das escolas e de instituições especializadas no atendimento educacional de estudantes com deficiência.  

O 1o. ciclo da Comissão de Educação (CE) e da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) foi realizado em 10/05/2023 com a participação de especialistas que "defenderam o aprimoramento da política educacional inclusiva na própria rede regular de ensino, independentemente do apoio a organizações da sociedade civil que prestam atendimento a esse tipo de aprendizado." 


A seguir apresento o texto transcrito, conforme publicado pelo site do Senado.

Fonte:Site do Senado. Clique aqui. _______________________________

Transcrição

A COMISSÃO DE EDUCAÇÃO E A DE ASSUNTOS SOCIAIS DEBATERAM EM AUDIÊNCIA PÚBLICA AS CONDIÇÕES DAS ESCOLAS PARA O ATENDIMENTO DE ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA. PARA SECRETÁRIA DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, HOUVE AUMENTO DO NÚMERO DE MATRÍCULAS, MAS A INFRAESTRUTURA DAS ESCOLAS NÃO É QUALIFICADA. REPÓRTER LUIZ FELIPE LIAZIBRA. A pedido de vários senadores, a Comissão de Educação e a Comissão de Assuntos Sociais promoveram audiência pública conjunta para debater a inclusão de estudantes com deficiência nas instituições de ensino. O senador Flávio Arns, do PSB do Paraná, disse que um dos objetivos do ciclo de audiências é ouvir a todos que atuam na área – familiares, estudantes e especialistas educacionais – para saber se os serviços que são ofertados estão disponíveis e bem estruturados. Flávio Arns - E nesse sentido então nós vamos discutir bastante ouvindo as famílias, ouvindo as pessoas com deficiência, ouvindo as pessoas que atuam na área, o Executivo, o Ministério da Educação, porque compete ao Senado fazer esse debate. Com absoluta tranquilidade segurança, escutando, chegando a conclusões tanto quanto possível pra boa parte das pessoas convergentes. A professora Zara Figueiredo, da Secretaria de Educação Continuada e Alfabetização de Jovens e Adultos do MEC, apresentou diversos dados, inclusive o que mostra a evolução das matrículas na modalidade Educação Especial. Entre 2008 e 2022, as matrículas aumentaram 119%. No entanto, a taxa que verifica a idade e a série dos alunos ainda apresenta distorção. Números do Inep apontam que cerca de 45% dos alunos com deficiência estavam na idade acima da adequada para a etapa de ensino. Sobre a estrutura das escolas, os desafios ainda são grandes. Faltam salas de estudos multifuncionais, rampas, sinais sonoros e banheiros acessíveis. A Secretária defendeu uma permanência que seja qualificada.  Zara - Essa permanência qualificada passa também por uma infraestrutura de qualidade, obviamente. Quando se debate direito e educação no Brasil você tem que pensar que nós precisamos garantir condições de oferta, precisamos garantir formação e precisamos garantir isso que no início de ação afirmativa que lida com aquelas desigualdades mais profundas.  Carlos Henrique Viana é Autodefensor Nacional do movimento Pestalozziano, que atua a mais de 90 anos em defesa dos direitos da pessoa com deficiência no Brasil. Na audiência, Carlos falou das violências que sofria na escola regular. Carlos Henrique Viana -  Estudei na rede regular, estudei há 15 anos na rede regular. Não fui bem aceito, bem inserido, tive muitas dificuldades para ter a leitura e a escrita e as quatro operações da matemática. Também fui muito humilhado, maltratado, machucado, pelos próprios colegas que não tinham nenhuma tipo de deficiência. Esta foi a primeira de uma série de audiências públicas sobre o tema. Na Comissão de Educação, os debates foram solicitados pelos senadores Izalci Lucas, do PSDB do Distrito Federal, Wellington Fagundes, do PL de Mato Grosso, e Tereza Leitão, do PT de Pernambuco; e na Comissão de Assuntos Sociais pela senadora Mara Gabrili, do PSD de São Paulo. A próxima reunião está marcada para o dia 17 de maio. Sob a supervisão de Rodrigo Resende, da Rádio Senado, Luiz Felipe Liazibra. "








Fonte: Agência Senado

A Educação Inclusiva e os Direitos das Pessoas com Deficiência estão novamente na pauta do governo federal (Graças!)

    Depois de um período de obscurantismo na Educação Brasileira entre o período 2019-2022 (governo do capitão que vioru deputado que virou presidente e cujo nome me recuso a pronunciar ou escrever!), do desmantelamento dos avanços anteriores e de violação contínua dos direitos de qualquer cidadão/cidadã, mas em especial das pessoas com deficiências, estamos nós brasileir@s novamente imersos em um movimento de resgate de nossa dignidade como povo. Nesse contexto, os direitos humanos e as conquistas anteriores estão novamente em pauta. Graças!!!

     Uma das áreas da educação brasileira que demanda urgente revisão e mudanças ágeis após os anos da Pandemia e das violações sofridas pela população diz respeito ao direito de acesso, permanência e aquisição das Pessoas com Deficiência à educação nas escolas regulares. 

    Como aconteceu e ainda acontece em outros países, ricos e em desenvolvimento ou pobres, o direito da Pessoa com Deficiência à Educação tem historicamente sido alvo de disputas, tensões, compreensões deturpadas dos fundamentos entre a Educação Especial e a Educação para Todo@s = Educação Inclusiva. Nesse ambiente de confusões teórico-metodológica as políticas públicas têm papel chave porque levaram à confusão no entendimento da inclusão escolar. 

    Explico. Enquanto a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (MEC/SEESP, 2008) adotou o discurso da inclusão e (aparentemente) defende a inclusão escolar na sala de aula regular, ao mesmo tempo essa polítrica institucionalizou as Salas de Recursos Multifuncionais que isola, separa, categoriza e rotula o estudante com deficiência no âmbito da comunidade escolar. Cabe aqui destacar que essas salas já existiam nas redes de ensino brasileiras com outros nomes. A PNEE-PEI apenas as assumiu em seu texto e disseminaou o modelo no território nacional. 

    Tamanha incoerência epistemológica, política, teórico e, consequentemente, prática foi encampada por muit@s como a solução para a histórica exclusão vivida por pessoas com deficiência. Antes desta PNEE-PEI a situação da exclusão das pessoas com deficiência era muito pior. Portanto, o insignificante número de SRMs introduzidas em escolas brasileiras, se considerado o tamanho do sistema educacional, já revelava então o engodo desta política e fracasso desta 

    Eu me lembro da Rede de Municípios-Pólo criado no âmbito do Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade coordenado pela querida Profa. Dra. Denise Oliveira, hoje na UFGoiás e da implantação do Projeto Educar na Diversidade: Formação Docente. coordenado por mim entre 2005 e 2007, quando pedi para ser exonerada. Eram apenas 136 municipios que aderiram ao referido programa em um universo de mais de 5.500 municipios brasileiros... Ou seja, Ah? Como será possível implantar esta política de forma efetiva.

    Enfim, vemos agora - 2023 - o (re)inicio desta jornada de lutas e busca de caminhos para assegurar os direitos constitucionais e o marco legal existente para a população de pessoas com deficiência. Assim, aqui neste blog vou procurar atualizar os movimentos na esfera do governo federal e outros que devem se materializar ao longo deste anos do novo governo. 

    Expresso aqui minhas opiniões baseadas na minha formação, experiência e expertise na área de Educação Inclusiva. Entendo que como acadêmica e pesquisadora com experiência de quase 30 anos atuando, pesquisando, orientando e publicando na área de Educação Inclusiva no Brasil e no exterior, possuo credenciais que asseguram meu direito de manifestação, em especial neste Blog, criado por mim em 2018. 

    Divergências e discordâncias são benvindas e serão publicadas e/ou comentadas,  sempre que forem expressadas por alguém que se identifique (e não por ´desconhecidos´). Caso contrário, eu as desconsiderarei. 

    

A democracia suporta os conflitos, mas não a divergência radical... 

José Sócrates. Carta Capital

Fonte: https://www.cartacapital.com.br/opiniao/a-democracia-suporta-os-conflitos-mas-nao-a-divergencia-radical/. 

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