Como profissional atuando na área de reabilitação, educação e direitos da pessoa com deficiência há 38 anos e ´xiita da inclusão´, escolhi clarificar, esclarecer e ajudar as pessoas a entenderem processos complexos, ou seja, torna-los acessíveis para que cada um possa fazer sua própria análise. Desta vez trago um vídeo sobre o tamanho do sistema educacional brasileiro e os dados oficiais sobre as Salas de Recursos Multifuncionais onde o Atendimento Educacional Especializado, em princípio, é oferecido. Vocês vão se surpreender... Curta, comente e compartilhe...

Este blog foi criado em 2018 com a finalidade de disseminar informações consistentes sobre o processo de Revisão e Atualização da PNEE-PEI 2008. Em 2020, a Pandemia carregou o país e o sistema educacional para uma crise sem precedentes. Dessa forma, o BLOG inicia uma nova fase que inclui a política de educação dos estudantes com necessidades educacionais e temas sobre a educação geral. Este BLOG não tem vinculação político-partidária de qualquer ordem.
quinta-feira, 21 de junho de 2018
Incompatibilidade Salas de Recurso Multifuncional X Tamanho do sistema educacional brasileiro: o que os números oficiais mostram?
O debate sobre a atualização da PNEE_PEI 2008 continua e eu, a cada dia, me surpreendo mais com a politicagem partidária por trás desse processo. É triste ver que ´qualquer comentário impróprio ou incorreto na web´ (para dizer o mínimo) pode viralizar como um rumor, ´disse me disse´ e deixar as pessoas desnorteadas por falta de informação. Esse é o seu caso?
Como profissional atuando na área de reabilitação, educação e direitos da pessoa com deficiência há 38 anos e ´xiita da inclusão´, escolhi clarificar, esclarecer e ajudar as pessoas a entenderem processos complexos, ou seja, torna-los acessíveis para que cada um possa fazer sua própria análise. Desta vez trago um vídeo sobre o tamanho do sistema educacional brasileiro e os dados oficiais sobre as Salas de Recursos Multifuncionais onde o Atendimento Educacional Especializado, em princípio, é oferecido. Vocês vão se surpreender... Curta, comente e compartilhe...
Como profissional atuando na área de reabilitação, educação e direitos da pessoa com deficiência há 38 anos e ´xiita da inclusão´, escolhi clarificar, esclarecer e ajudar as pessoas a entenderem processos complexos, ou seja, torna-los acessíveis para que cada um possa fazer sua própria análise. Desta vez trago um vídeo sobre o tamanho do sistema educacional brasileiro e os dados oficiais sobre as Salas de Recursos Multifuncionais onde o Atendimento Educacional Especializado, em princípio, é oferecido. Vocês vão se surpreender... Curta, comente e compartilhe...
MANIFESTO DA REDE APAE PELA ATUALIZAÇÃO DA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL
No dia 06 de Junho deste ano recebi por whatsapp o Manifesto da Rede APAE apoiando a Atualização da PNEE-PEI 2008. Claro que devorei o documento para conhecer os seus motivos porque acredito que sempre podemos aprender com a diversidade de informações e conhecimentos que, por razões distintas, ficam restritos a grupos específicos e vem à tona em momentos como o atual: momento de rumors, dúvidas, conflitos, politicagem e interesses velados que chegam às nossas redes sociais e não há como saber o que é verdade e o que não é. Consequência: nossas posições nunca são tão seguras e firmes como deveriam ser se todos/s tivessem as informações apropriadas, sem viés.
A história contada no Manifesto da REDE APAE revela dados relevantes para compreendermos o papel das escolas especiais no sistema educacional brasileiro. Eu sou uma defensora contumaz da inclusão escolar, todavia conheço pessoalmente muitas experiências de outros países que convivem com as escolas especiais as vezes mais (como é o caso da Alemanha e Dinamarca que possui muitas escolas especiais segregadas para estudantes com diferentes tipos de deficiência) e as vezes menos (como é o caso da Inglaterra, país no qual apenas 1% da população está em escolas especiais).
Brasil: um pais com dimensão territorial de continente, com uma rica diversidade humana e cultural e com mais de 45 milhões de pessoas com deficiência (somado a um número imenso de estudantes com necessidades educacionais diversas) não pode ter um modelo único de serviço ou atendimento nas escolas brasileiras, que hoje constituem um universo, em torno, de 185 mil escolas esparramadas pelo território nacional. É verdade que todas as cidades possuem escolas públicas e privadas, MAS nem todas as escolas aceitam matricular crianças com deficiências variadas!
Um país nestas condições e democrático deve SIM possuir múltiplos modelos de serviços educacionais, com apoios e recursos variados, os quais devem estar disponíveis (e serem divulgados de todas as formas possíveis nas várias regiões do país) de forma que as famílias possam fazer suas escolhas. A decisão de matricular os filhos/as com deficiência em uma escola de ensino comum com SRM/AEE ou uma escola especial é exclusivamente da família e não pode - de forma alguma - ser definida por uma política pública. As escolas especiais serviram e ainda servem a esta população na maioria dos países, mesmo aqueles que são muito ricos (ex. Dinamarca, Holanda, Inglaterra, Alemanha). Portanto, ser contra as escolas especiais significa não reconhecer a história da Educação Especial, ser contra a democracia que se sustenta encima de princípio da diversidade e direito de escolha e, finalmente, ser contra o direito de escolha das famílias.
Por esta razão, apoio o Manifesta da REDE APAE Brasil, fundada em 1954 e que foi pioneira na luta pelos direitos à reabilitação e educação da pessoa com deficiência intelectual no Brasil.
Um país nestas condições e democrático deve SIM possuir múltiplos modelos de serviços educacionais, com apoios e recursos variados, os quais devem estar disponíveis (e serem divulgados de todas as formas possíveis nas várias regiões do país) de forma que as famílias possam fazer suas escolhas. A decisão de matricular os filhos/as com deficiência em uma escola de ensino comum com SRM/AEE ou uma escola especial é exclusivamente da família e não pode - de forma alguma - ser definida por uma política pública. As escolas especiais serviram e ainda servem a esta população na maioria dos países, mesmo aqueles que são muito ricos (ex. Dinamarca, Holanda, Inglaterra, Alemanha). Portanto, ser contra as escolas especiais significa não reconhecer a história da Educação Especial, ser contra a democracia que se sustenta encima de princípio da diversidade e direito de escolha e, finalmente, ser contra o direito de escolha das famílias.
Por esta razão, apoio o Manifesta da REDE APAE Brasil, fundada em 1954 e que foi pioneira na luta pelos direitos à reabilitação e educação da pessoa com deficiência intelectual no Brasil.
Conheça os processos de elaboração da PNEE-PEI 2008 e PNE 2018: eu participei...
Eu estava no MEC/SEESP quando a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva começou a ser pensada e discutida. Isso foi em 2006... Fui convidada pela Secretária, na época Profa. Claudia Dutra, para coordenar o Projeto Educar na Diversidade (originalmente um projeto da UNESCO: UNESCO Pack, Teacher Training Educational Needs in the Classroom (ou Pacote da UNESCO: Formação de Professores, necessidades educacionais na sala de aula regular) com o qual eu trabalhava desde 1997. Fiz a formação em uma ação coordenada pela UNESCO Paris e o Instituto de Inovação Educacional do Governo Português. Por isso o convite!
Em 2017 me inscrevi para o Edital da UNESCO/SECADI* para concorrer a uma consultoria e tive a oportunidade de participar, com outr@s consultor@s de reuniões na SECADI durante as quais apresentamos as pesquisas realizadas em áreas variadas para subsidiar a análise, revisão e atualização da PNEE-PEI 2008, na minha opinião, necessária e urgente.
Este vídeo trata destas duas experiências e meu objetivo com ele é mostrar como os fatos podem ser distorcidos. Quanto mais conhecemos a história privada (neste caso, a minha...) mais teremos informações consistentes para compreender o que se passa por trás de rumores.
Clique abaixo ou AQUI
* SECADI = Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação.
Porque um BLOG com dados sobre a Atualização da ONEE-PEI 2008 é necessário em momentos rumores e dúvidas?
Não tem nada que me deixa mais desconfortável (para ser suave!) do que rumores infundados e afirmativas que provocam dúvidas, temores e tensão entre as pessoas envolvidas.
Isto foi exatamente o que aconteceu no final de maio 2018 quando uma amiga me enviou um Manifesto Contra a Revisão da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva-PNEE-PEI, publicada em 2008, pela Secretaria de Educação Especial - SEESP, que foi EXTINTA em 2011. Surpreendi-me e me senti extremamente desconfortável ao ler o manifesto por várias razões:
(1) este manifesto foi elaborado pelas mesmas pessoas que o criaram no período que antecedeu sua publicação. Acesse o documento AQUI e verifique a relação das pessoas envolvidas no Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria nº 555/2007, prorrogada pela Portaria nº 948/2007, entregue ao Ministro da Educação em 07 de janeiro de 2008;
(2) a PNEE-PEI 2008 fez 10 nos em janeiro de 2018 e somente por isso deve passar por um processo de revisão e atualização, uma vez que não há políticas tão maravilhosas que deva ser eternizada (O Plano Nacional de Educação é revisto a cada 10 anos, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional foi alteradas e até a Constituição Brasileira... Então como podemos estar contra uma revisão e atualização de política educacional?;
(3) O argumento central mais desestabilizantes do argumento CONTRA a atualização da PNEE-PEI 2008 é o de que a nova PNEE 2018 é um retrocesso e não será inclusiva!!! Para mim este argumento é o que revela a fraqueza e a tendenciosidade político-partidária do documento contra. Isso mesmo, como pessoas que conhecem muito bem o marco político-legal da inclusão no Brasil que foi coroado com a aprovação da aprovação em 2015 da Lei Brasileira de Inclusão - LBI (Lei 13.146/2015) afirma que a nova política não será inclusiva? Isso não seria mais possível!!!
Acesse a LBI 2015 clicando AQUI
(4) quanto ao retrocesso... Bem, para mim retrocesso foi a PNEE-PEI 2008 reduzir o publico (chamado horrivelmente de ´alvo´) da Educação Especial à apenas três grupos (deficiências, transtorno global de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação), sendo que o documento Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica de 2001 era muito mais inclusivo porque mais abrangente! A nova PNE 2018 tenta corrigir este enxugamento!
Acesse as Diretrizes clicando AQUI e leia da pagina 43 à 45.
(5) quanto ao retrocesso ainda... Para mim, não houve maior retrocesso do que adotar como modelo único de serviço educacional para estudantes com deficiência e transtorno global de desenvolvimento (porque os estudantes com altas habilidades/superdotação não são atendidos apropriadamente desde o lançamento da PNEE-PEI 2008!) a Sala de Recurso Multifuncional-SRM, em um país com dimensões territoriais como o Brasil e com diferenças regionais gritantes. Diversidade cultural, regional, educacional requer pluralidade de serviços.
(6) apenas se beneficiou com estas ´salas´ municípios politicamente alinhado à gestão da época, ou seja, apenas os 144 municípios pólo que aderiram ao Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade (parece que depois aumentou um pouco o número de municípios pólo), cujos dois representantes participavam de uma ação no MEC/SEESP em Brasilia e depois tinham que voltar para seus municípios para realizarem formação em 20 municípios de abrangência, segundo exatamente as orientações da SEESP. OU seja tudo estava montado para reproduzir a proposta da política de inclusão no plano do discurso e da gestão, mas na prática a grande maioria das escolas não tinham e ainda não tem SRM e, consequentemente, o Atendimento Educacional Especializado...
Há alguns materiais sobre este programa que vale a pena consultar:
SOARES, Márcia Torres Nery. Programa Educação Inclusiva Direito à Diversidade: Estudo de Caso sobre Estratégia de Multiplicação de Políticas Públicas.
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação
em Educação da Universidade Federal da Paraíba- Centro de Educação. 2010. Clique AQUI para acessar esta dissertação.
Clique AQUI para acessar a dissertação.
(7) Ou seja, depois de 10 anos de PNEE-PEI 2008, o Brasil possui em torno de 180 mil escolas, das quais a esmagadora maioria NÃO possui SRM ou AEE - mesmo que fosse debaixo da árvore! As SRM não vingaram ou vingaram menos do que esperado! Os dados das pesquisas do Observatório Nacional da Educação Especial evidenciam os limites desta política e mostram algumas práticas de sucesso!
Estas são apenas algumas das razões... Outras tratarei oportunamente.
Prepare-se para a Consulta Pública que está se aproximando.
Compartilhe para esclarecer.
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Para quem não me conhece:
Atuo na área de deficiência há exatos 38 anos! Iniciei minha carreira como fonoaudióloga em 1980 e depois, em 1992, fui aprovada em concurso público para ser professora de Educação Especial na Universidade Federal da Paraíba. Emprestada pela minha universidade, trabalhei no MEC/SEESP entre junho 2005 e janeiro 2007 quando pedi exoneração. Não pertenço a partido político e não faço politicagem. Atuo como Consultora ad hoc da UNESCO (Paris, Chile e Brasil) desde 1997. Meu propósito é tão somente compartilhar informações relevantes e minha visão como acadêmica e pesquisadora na área de políticas púbicas de inclusão, metodologias de ensino inclusivas e temas de ponta relativos à vida e direitos da pessoa com deficiência.
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